domingo, janeiro 01, 2012

A namorada

Meu filho (sim, ele é meu; um presente que ganhei) veio em casa me contar que, aos dezoito anos, resolveu assumir algo que ele nomeou namoro. Confesso que senti uma dor tão aguda no peito que pensei num possível infarto. Ele tão docemente me contando que avaliou bem e achou correto agir assim; que anda cheio de proibições, etc. Olha ele cumprindo uma Constituição sem se aperceber.

Achei tudo lindo. Aconselhei. Falei que as mulheres precisam ser cuidadas (como se eu tivesse cuidado de alguma). E fui discorrendo sobre os relacionamentos, suas complicações, suas alegrias.

Daí, ele levantou, me deu um beijo, um abraço, desejou feliz ano novo e saiu. E foi como se uma dezena de anos descessem sobre mim sem aviso prévio.

Liguei pra mãe dele e o diálogo se segue:

"O que vocês fizeram com meu filho?"
"Como assim? Nada. Ele não está bem?"
"Achei que ele estava meio diferente, triste, talvez."
"Não sei. Você sabe que ele sente muito sua falta. Sempre foi assim."
"Tá bom. Depois eu falo com ele."


Mentira: triste estava eu, ou estou. Nem sei o motivo. Talvez porque mais um ciclo se fechou e não havia me preparado para tal.

quarta-feira, dezembro 21, 2011