terça-feira, junho 29, 2010

Diálogos 2

Este diálogo me foi contado por um dos participantes. Se parecer mentira... até poderia ser.

Sargento: - Cadê o almoço que eu pedi para o pessoal da viatura trazer?
Policial: - Vou verificar, Sargento. Os "meninos" estão atrasados porque estão atendendo uma ocorrência de suicídio. E acho que tem várias viaturas lá, pois ninguém pode vir trazer esse almoço.
Sargento: - Eles podendo ir procurar o que matou...
Policial: - O que matou, está morto.
Sargento: - Então, são dois?
Policial: - Por incrível que pareça, Sargento, é só um cadáver.
Sargento: - Não tô entendendo mais nada.

sexta-feira, junho 25, 2010

Diálogos

Caminho pelos corredores do centro cirúrgico, devidamente paramentado com uma touca, protetores de pés, um avental que não cobre a parte de trás do corpo (bunda, ou onde ela deveria estar) à mostra, acompanhado por uma enfermeira que não conheço, indo dois médicos à frente. O - pra usar o linguajar técnico deles - procedimento que será realizado é a retirada de um catéter de tenckhoff que, por vontade própria, parou de funcionar, impedindo a realização do tratamento chamado diálise peritoneal que fazia em casa com certo conforto. Enfim, dizem os médicos à minha frente.

Médico 1 - Já retirou um catéter de tenckhoff?
Médico 2 - Não, e você?
Médico 1 - Nunca.
Médico 2 - Onde está o anestesista?
Médico 1 - É local.
Médico 2 - Tem certeza?
Médico 1 - Vamos tentar. Se não der, a gente vê.

Senti-me absolutamente confiante!

Médico 1, dirigindo-se a um Cirurgião Vascular - Sabe retirar um catéter de tenckhoff?
Cirurgião - Tiro em 2 minutos. (Mas não se mexe de onde está)
Médico 1 - Vamos lá!

Médico 3 entra na sala de cirurgia - O que é?

Médico 1 - retirada de catéter de tenckhoff. Já fez?
Médico 3 - Já. É fácil. (comenta em poucas palavras o procedimento).
Médico 1 - E anestesia?
Médico 3 - Faz só o bloqueio. (Leigamente, anestesia local)
Eu - Pra colocar, eu fui adormecido.
Médico 3 - Mas retirou um e colocou outro no mesmo procedimento?
Eu - Sim.
Médico 3 - Então, é isso mesmo. Pra retirar, só o bloqueio.
Médico 1 - Vamos começar.
Médico 2 - Anestésico. James, uma fisgada pra anestesiar.

Inicia-se a abertura do corte por onde fora introduzido o catéter. Reclamo:

Eu - Tá doendo.
Médico 1 - Como você não reclama da dor da agulha, só do bisturi?
Eu - A agulha também dói, mas não se compara a um corte com bisturi.
Médico 2 - Mais anestésico.

Entra na sala o Cirurgião Vascular.

Cirurgião - Já retirou um catéter de tenckhoff?
Médico 2 - Não.
Cirurgião - Encontra a base, solta, puxa um lado para a esquerda o outro para baixo. Não precisa abrir tanto, basta a base.
Eu - Ai.
Cirurgião - Tem dor. Deram água pra ele ou anestésico? Resolvam isto.
Médico 2 - Mais anestésico.

Desisto de reclamar da dor e, de fato, passou um pouco, mas sinto suas mãos me cortando, separando minhas entranhas. Sensação estranhíssima. Reclamo da dor novamente.

Médico 2 - Essa lâmina é ruim. O bisturi elétrico.

Vou sentindo, ainda que distante, o bisturi percorrendo meu corpo. Os médicos não encontram a tal base do catéter. Cortam-me mais. Cirurgião volta à sala.

Cirurgião - Não precisava abrir tanto.
Médico 2 - Não encontro a base.
Cirurgião - É esponjosa.
Médico 2 - Aqui.

Médico 1 dá um puxão para a esquerda e sinto com se todo contéudo de meu abdome subisse. Mas ele retira a primeira parte do catéter. Médico 2 puxa para baixo e sinto tudo subir novamente. Catéter não sai. Argumenta que está preso em alguma parte. Cirurgião volta à sala.

Cirurgião - Puxe, doutora.
Médico 2 - Não solta.
Cirurgião - Puxe.

Sinto tudo subindo novamente, uma, duas vezes e, finalmente, sai o restante do catéter. Mas não acabou. É preciso suturar. Não há mais nenhum vestígio de anestésico em meu corpo. Peço mais. Médico 2 pergunta meu peso. 52 Kg. Não posso dar mais, já foram 20 ml. Vai assim mesmo. Sinto a agulha perfurando meu corpo, fio sendo passado. Encheria a página com tantos ais. Um grito mais alto, a informação de "acabou". Se fosse pra confessar um crime o teria feito há muito tempo, sem nem mesmo ter visto a vítima, falo para Médico 2. Com ar de solidariedade falsa, Médico 1 fala "sofreu bastante". Minha vontade era ter forças pra arrebentar a cara dele. Médico 2 me consola com "ao menos livrou-se desse catéter incômodo". Graças a Deus.

(Esperava desde 19 de maio por essa ciirurgia que foi realizada dia 24 de junho. Quase nada)