quarta-feira, setembro 29, 2010

Sem dizer adeus

Estou ficando imensamente cansado de ter que vir aqui e dizer adeus a amigos. Somos tão jovens para tais despedidas, mas fui surpreendido no início da tarde com a notícia da morte de mais um amigo. Se você me acompanha aqui ou pelo twitter, forçando um pouco a memória vai lembrar que, há alguns dias, falei sobre a possibilidade de um transplante renal para dois amigos e que a família havia desistido da doação.

Pois bem. Um daqueles amigos não resistiu mais e nos deixou hoje às cinco da manhã.

Claro que isto mexe com os mais íntimos sentimentos e nem estou com disposição para escrever o quanto sentirei falta do companheiro de jornada.

Nestes momentos, gostaria de acreditar que os espíritos ficam nos olhando lá de onde eles estejam hospedados pra que ele pudesse saber como estou me sentindo.

Até um dia, Zé Lima.
COVER

Gata Vip
O CONTEÚDO FOI CENSURADO PELA GATA VIP!!



Nome completo: Kethleen Maklaine da Costa Diniz

Signo: Libra
Parte do corpo preferida: A mais quente e úmida

Parte do corpo que mais gosta em um homem: A maior, na horizontal

O que não tolero em um homem: Pobreza
Homem Bonito: Um certo
Mulher Bonita: Xuxa
Música: Todas do Reginaldo Rossi
Filme: A Lagoa Azul
Viagem: Um mês que passei em Manuel Urbano
Perfume: Essa é fácil: MALBEC
O gosto de um beijo inesquecível: O de um cara que queria engolir minha face. Não esqueço pra nunca repetir
Dica pra seduzir um homem: Tá a fim de um sexo gostoso?
Uma dica pra te seduzir: Quer meu cartão de crédito pra você usar sem limites?
Não vivo sem: Minhas filhas
Uma filosofia de vida: Case-se
Uma frase: Agora fudeu! 

domingo, setembro 26, 2010

"USA For Africa" made in Brazil

Vim aqui rapidinho só pra enviar este vídeo: um momento USA For Africa made in Brazil. A campanha foi em 1985, durante um dos muitos sofrimentos do Nordeste Brasileiro. Vale pelo instante "Bruce Springsteen" de Tim Maia e Fagner. A situação do Nordeste ficou a mesma merda ou pior. Tá quase na hora de eleição. Vamos ficar atentos. O vídeo eu "abduzi" lá do You Tube. Não poderia ficar sem esta "pérola". A música "chega de mágoa" é de Gonzaguinha, acho.



Em tempo: já vi coisas deste tipo em Portugal, Espanha e alguns outros.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Máquina de escrever

Amo tecnologia, apesar de não ser um especialista. As facilidades são tantas, a velocidade dos contatos, a chegada da informações, tudo em segundos. Tenho a vantagem de me adaptar a coisas novas - pelo menos a algumas.

Agora mesmo, enquanto digito, faço em um "notebook", conectado 24 horas; acompanho a chegada de mails imediatamente, envio novas mensagens, corrijo o texto sem grandes demoras.


Mas, nem sempre foi assim.

Lembro que, por volta dos 12 anos, vi uma máquina de datilografia pela primeira vez em minha casa, sendo usada por uma das várias namoradas de meu irmão. Fazia ela um trabalho para ele e ví aquelas letras tão bonitas numa folha de papel sem vida há pouco e pensei: "poderia pedir pra ela fazer meu trabalho de escola; ia ficar bonito e poderia melhorar minha nota". E, olha, eu precisava mesmo melhorar a nota!

Pedi e a resposta foi um coice digno de cavalo indomado.

Lembro de ter chorado muito, mas não lembro se pela "patada" ou por ter um desejo simples não atendido.

Minha mãe - sempre ela - sem saber do assunto, pergunta o que aconteceu. Respondi meio sem jeito, pois já passara a achar idiota sofrer por essa bobagem. Mas, minha "velha", que na verdade era nova até quando morreu, apenas falou-me: "deixe, meu filho." As mães falam umas coisas que a gente só pode compreender milhares de anos depois.

A vida tem que seguir. Aula à tarde, trabalho manuscrito entregue, nota sendo aguardada, muita "farra" na escola. Volto e minha mãe me recebe com um dinheirinho na mão e a frase: "amanhã às 8 horas, você vá no SBORBA procure o "seo" Nacor e diga que eu lhe mandei ir lá".

Sabia eu lá o quê era SBORBA, mas fui. Um cenário meio triste, pouca luminosidade e uma escada que, lembrando agora, me parecia interminável. Subi e, chegando bem lá no alto, vi o paraíso: uma sala cheia de máquinas datilográficas, um senhor baixinho e magro, mais para careca que me recebeu cheio de atenção: "você é o James, filho da Floriza? Pode sentar aqui". E começou a me ensinar a arte da datilografia.

Meses depois, a prova final do curso: datilografar, no menor tempo, com o menor número de erros, o alfabeto brasileiro - até ali, somente as 23 letras.

Nervoso, mas confiante, fiz. "seo" Nacor corrigia as provas na hora, pois durante a tarde ele trabalhava no antigo CESEME. Olhou, olhou novamente, parecia não acreditar, me olhava e, finalmente, com um ar que dizia "menino filho da puta", me fala: "nunca, em todos esses anos, dei um 10 em uma prova; você não vai ser o primeiro. 9,75".

Furioso, fui até o trabalho de minha mãe lhe contar. Ela, claro ficou contente, mas eu, que antes de chegar lá já havia passado em outra escola de datilografia, feito minha inscrição em outro curso, apenas lhe falei: "ele não quis valorizar de verdade meu esforço, mas vou fazer outro curso no SENAC. Meses depois, 10.

Após a morte de minha mãe, meus cursos de datilografia me renderam a aprovação no primeiro Concurso Público que fiz e datilografei muito durante os próximos 4 anos.

quarta-feira, setembro 22, 2010

Uma conversa "colorida"

Você já sabe que eu venho aqui contar as histórias que não conto para meu psicólogo, nem a alguns amigos e familiares; cenas que vivi, sonhei com um exagero de fantasias desconhecidas pelos mais alucinados.

Hoje me ocorreu a vontade de falar de Shakira e Alejandro Sanz. Por esta razão, a foto deles aí ao lado. Se eles têm algo a ver com minhas lembranças mais remotas, não. Mas que eles fazem parte de algumas histórias, isto é verdadeiro.

Além, sou fã do idioma deles. Me esforço a cada dia para aprendê-lo mais e mais.

Agora, a voz dessa mulher é coisa de louco. Claro, que não vou desrespeitar as moças que vêm aqui ler minhas insanidades e tecer comentários sobre meus desejos mais que secretos com a Shakira. No entanto, não deve ter nada de anormal, de repente, num ato de total ousadia, falar que gostaria de ser o Alejandro Sanz.

O cara é bonito. Sei. Você esperava que eu, numa atitude de machão, disesse que ele era "boa-pinta" ou coisa que o valha. Não, vamos falar a verdade: se eu fosse mulher, linda, famosa e vivesse na Espanha, eu dava pra ele. E seria sem acanhamento nenhum, sem limite de posição ou lugar. Faria um neo-Kama Sutra. A única exigência seria que ele contasse pra todo mundo depois. Afinal, qual a vantagem disso se não sair numa foto de revista de celebridades ´- sem que eles colocassem a legenda "Alejandro Sanz e amiga", que aí já é sacanagem com uma moça distinta como eu seria.

Só ia achar sacanagem sem tamanho se ele disesse: "te lo agradezco, pero no"". Daí, faria como muitas fizeram comigo: "al infierno!"

sábado, setembro 18, 2010

Pra quem gosta, catinga é cheiro!

Sempre atribuí esta frase a Chico Anysio. Acredito, que mesmo cheia de humor, ela encerra a verdade do amor: quem ama, não fica reparando em certos detalhes não tão formosos do outro, não leva em consideração seus mais estranhos defeitos, nem as cicatrizes que, porventura existam. Quem ama, ainda que não pareça a olhos distantes, não analisa o amado como um ser que deva ser compreendido por outros. Só ao amante cabe a profundidade de se saber capaz de amar a imperfeição e compensar o que pareça destoar.

Por vezes demasiado grandes me deparei com esse "dilema". Se, por um lado, teimava em procurar o que me parecia mais belo por outro, fui confrontado com meu estado de "mamulenguice" e, coisa de gente descerebrada, sofri com a ausência de atrativos físicos. Aprendi que se saber feio compreende capacidade de ser melhor que a concorrência, ter mais conteúdo e praticar, com todas as forças, "a arte da guerra”.

Não se desespere! Este blogue não é de auto-ajuda. Ou é. Para mim, somente. Ele me auxilia a suportar a solidão, o tédio, a falta de energia e a teimosia do meu corpo em oposição permanente ao cérebro. Ele é meu diário e essa conversa toda é pra contar outro momento da vida que recordei nos últimos dias.

Lembrei, em meio a tantas coisas, que previ, aos treze anos de idade que viveria somente até os trinta e cinco. E que agonia foram os trezentos e sessenta e cinco dias que antecederam! E não ficou aí. Como bom vidente, justifiquei o fato de continuar vivo com uma interpretação equivocada do tempo: restavam os trezentos e sessenta e cinco dias até os trinta e seis anos. Minha capacidade de criar crises vem de longa data.

Superada a amarga previsão, refleti sobre minha real condição com as mulheres. Meu corpo clamava por um contato com elas. Observando o movimento das meninas lá pela COHAB do Bosque, compreendi que jamais aconteceria ter uma namorada – esse era o verbo empregado mesmo: TER. Anos depois é que conseguiria montar a frase corretamente. Esposa, então, inteiramente improvável. Quase todas as noites, sentado em uma mureta na esquina da minha rua, lua sempre visível àquela altura, notava a chegada dos rapazes dentro de seus carros bonitos, suas roupas caras, sua música romântica, pensei: não é pra mim; não tenho carro, não sou bonito, não tenho dinheiro. Minha sina é permanecer sozinho.

Era preciso uma alternativa. Não estava disposto a permanecer sozinho. O que poderia ser feito para suprir a ausência do material e do belo? Aumentar o conteúdo que as encantava!

Passei a devorar as revistas destinadas ao público feminino, todas as fotonovelas disponíveis, revistas que falavam da rotina de atores famosos e as grandes polêmicas do primeiro beijo, da primeira vez; os testes sobre o par perfeito; dicas sobre comportamento sexual e por aí afora.

Aguardava ansiosamente a chegada das revistas toda semana. No dia certo, no momento exato, ia à casa da minha amiga e lia tudo, logo depois que ela o fazia. Era divertido, mas trouxe à tona a questão: como é que se beija? Acho que hoje em dia estas questões não estão mais importunando nenhum adolescente, mas estamos falando de 1979, época em que os meninos treinavam beijo no espelho ou com uma laranja. Falar a verdade? Preferia treinar no braço: tinha gosto de gente. Lia, guardava, treinava, planejava. E aguardava muito. E, tão idiota que era e sou, nem percebi que já surgira a pessoa desinteressada do palpável e ardendo para conhecer os caminhos tenebrosos das palavras, dos gestos, das promessas que não poderiam ser cumpridas, mas que faziam muito bem à alma.

Ela se chamava Tereza e não havia sequer reparado na existência dela. Baixinha, pele clara, cabelo aloirado, nada que chamasse a atenção. Invisível, portanto. Outras tantas vezes fui cobrado com a frase “eu era invisível pra você”. As mulheres guardam tantas coisas sem importância em seus armários!

A vez que notei a ausência dessa menina, ela já viajara há mais de um mês. Eu estava muito empenhado nos “estudos”; não havia como notar alguém. Era época em que, se nossos pais tinham condições financeiras, parentes em uma cidade maior, você ia “estudar fora”. Ensino fraco numa cidade pequena. Necessário criar oportunidades melhores. E Tereza chegara a este ponto da vida do adolescente acreano nos anos 1970.

As noites continuaram normais: as mesmas conversas com Américo e Raquel, a mesma paisagem, a mesma percepção sobre as meninas e seus namorados motorizados, as incontáveis horas de leituras, a exaustão pelo vai e vem dos assuntos nas revistas. Comecei a achar que estava preparado, mas precisaria “testar” se teria êxito na incursão.

Sentado na velha mureta de guerra, vejo a menina caminhando, corpo atraente - quase todos são aos treze anos de idade. Ao passar por mim, o “oi, James” soou como “eu sou invisível, você não”. Cabelo mais claro ainda, mas a mesma baixinha. Estava ali a cobaia? Não. Ela era linda e jogou por terra todo o estudo, todo o investimento, toda a minha pretensão. E trouxe à tona que a questão não estava nos carros, no dinheiro, na beleza – ou na ausência dela: eu era um covarde e não sabia como falar com uma menina, ainda que soubesse me expressar com certa correção gramatical.

Tempo de silêncio e solidão, diria um poeta romântico. Mas o foi mesmo! Alimentei a amargura com banquetes esplendorosos, tornei-a forte o suficiente para derrubar qualquer D. Juan, capitulei como um Comandante que vê o navio naufragar. Não sabia definir que sentimento era aquele, dei-lhe o apelido de paixão. Não mais sentei na mureta, mudara o local para a entrada da minha casa; era preciso vê-la passar para poder criar coragem e falar. Uma, duas, três, quatro vezes e... nada.

Uma noite, no início desta, perdidas as esperanças da passagem, já preparado para entrar, ela para, inicia a conversa com “oi, tudo bem”, fala coisas sobre a cidade onde estuda e não se cala, e não oferece oportunidade, e não parece respirar, e eu perco todo o conteúdo adquirido nas revistas, e quase nem percebo quando ela diz “já vou”. Num ato de ousadia “quixotiana”, digo “vou com você, é tarde”. Ela abre um sorriso, vamos até lá. Nada é dito. Beijo meio sem saber bem o que fazíamos. E percebo que os contos de fada são verdadeiros: as princesas beijam os sapos, ainda que estes coaxem desafinadamente.

terça-feira, setembro 14, 2010

Silêncio...Preciso pensar a respeito.

Não é que eu tenha medo da rejeição, ou de que, ao final, tudo seja como sempre: um conjunto de arrependimentos e decepções. Acostumei a desconfiar das paixões que crio como um colecionador de recortes de jornais imaginando  que, algum dia, todos as notícias serão necessárias para compreender momentos distantes da história.

Talvez seja a certeza de que meu amor é maior que sentimento e que sou inferior a criaturas microscópicas, vagueantes de corpos, sobre um colchão de molas cansadas, inertes e atérmicos.

Eu, que nada sei de amor, invento teorias, disserto sobre vagabundos sem ousadia e heróis desprovidos de espada salvadora. E confundo teus olhos verdes com as pérolas negras que são os d'ELA.

Minha mente se atreve a sonhar com o hálito de tua pele e, como gato sorrateiro fareja o acúmulo do lixo mal acondicionado em frágeis embalagens.

Não me peça atitudes, palavras esclarecedoras, não aguarde ousadias. Façamos silêncio: preciso pensar a respeito.



domingo, setembro 12, 2010

Um domigo a mais ou a menos

O fato de QUERER escrever é superior a qualquer outra vontade na vida. O que realmente causa estranheza é uma espécie de "crise de abstinência" que se instala vez ou outra. Não há prazer meramente em esparramar profundidades que serão analisadas, criticadas e relatadas a outras pessoas. O acme está em poder estilhaçar-se, arremessar os cacos aos quatro cantos da casa e cortar-se com um pequenino pedaço que escapou da varrição.

Contar o cotidiano, as lembranças, os sonhos, projetos, enfim, dissecar a alma na busca das frases, breves ou não, que delimitarão o espaço que o escritor ocupa no universo. É preciso cuidado ao analisar o escrito: há um universo dentro do escritor e só pode ser analisado em pequenas doses, atentando para cada espasmo seu.

Se de saudade se escrever, ainda todas as palavras serão poucas;  se de verdade, nunca será atingido o final. Daí, o sofrimento da escrita levar ao sofrimento do nunca estar bom.

E são tantas coisas que desejo dizer que volta e meia deparo-me com a absoluta incapacidade de fazê-lo e desnorteio o barco, mudo o curso do conteúdo, rompo a quilha e não ondas.

Escrever sem estilo e sem pretensão - não busco o best-seller, já o disse - me faz sentir incompleto, mas cada dia mais humano. Vou errar muito, eu sei, mas que importa? Há um salva-vidas nas palavras que atiro e retornam a mim como um bumerangue. 

E, ainda quando tentam interpretar, digo que os segredos ali estão ocultos e você sem capacidade de enxergá-los, pois que nem mesmo eu posso.

quinta-feira, setembro 09, 2010

terça-feira, setembro 07, 2010

Talvez não dê tempo para mim, mas...

Cientistas desenvolvem rim implantável

Equipe cria primeiro rim artificial que poderá ser implantado em humanos

por Redação Galileu



Rim artificial ainda tem o tamanho de uma sala, mas cientistas estão trabalhando para reduzí-lo.Pela primeira vez, uma equipe de cientistas conseguiu desenvolver um rim artificial que poderá ser implantado em seres humanos. Ele será capaz de substituir as seções de diálise e as longas filas de espera por um transplante.



A equipe da Universidade da Califórnia anunciou nesta semana que conseguiu desenvolver um protótipo funcional do rim, mas ainda em grande escala – o dispositivo é quase do tamanho de uma sala. Eles pretendem usar os processos usados na fabricação de chips de silício para reduzir o órgão artificial para o tamanho de um órgão natural.



É a primeira tecnologia deste tipo que poderá ser reduzida e implantada em doentes. Os cientistas usaram as mais modernas técnicas da nanotecnologia e da geração de tecidos para desenvolver o sistema.



O dispositivo usa milhares de filtros minúsculos para retirar as impurezas do sangue. Enquanto isso, um cartucho feito de células renais artificiais deverá copiar outras tarefas dos rins, como seu papel metabólico. O sistema usará a força da pressão sanguínea do próprio paciente para fazer o filtro funcionar e bombear o sangue.

domingo, setembro 05, 2010

"Beber deve ser sem motivo"

A primeira vez que estive em Recife, cidade que amo pelas pessoas, seu sotaque, um jeito que considero diferente de ser brasileiro, fiz da viagem a coisa idiota de turista vindo do interior da Amazônia, mas acabei visitando uma casa de cultura que anteriormente era uma prisão. Na verdade, era um conjunto de lojas com artigos característicos do folclore local, da cozinha pernambucana. Enfim, era um encontro com o "recife way life". Os endereços eram informados assim: loja de sucos na cela 102 e assim por diante.

Foi lá que provei pela primeira vez um suco de acerola, fruto que nunca havia visto por aqui e provei outros tantos que, infelizmente, foram esquecidos. Lembro da moça simpática e sorridente - diria que era linda, mas eu era muito jovem e estas avaliações são recheadas de hormônios nessa fase.

Acredito que visitar nas cidades os "pontos turísticos" famosos faz parte da viagem, mas não nos permite dizer que conhecemos a cidade. Para tal, é preciso sentir o "cheiro do povo", ainda que, por vezes, não seja tão agradável em alguns lugares. Foi assim quando estive na Bolívia  a primeira vez: optei por ir a um mercado local, provar da comida, conversar, ainda que nessa fase em "portunhol", com os patrícios. Saí do local com a sensação clara de ter conhecido todo o país, embora tivesse visitado uma pequena cidade.

Mas, voltando ao Recife, e desta vez disposto a realizar nova etapa do conhecimento, acabei por ter grandes momentos de depressão. A escolha do período para a viagem, se posso chamar "escolha" já que estava fugindo um pouco de problemas e frustrações, levou-me a buscar alternativas de conhecer outras formas de organização. Desta vez, em um bairro em que necessitava apenas de cinco minutos de caminhada pra chegar à praia de "Boa viagem", numa manhã, resolvi dar uma circulada pelos quarteirões próximos. Vi quatro academias de ginástica, alguns restaurantes - tinha até restaurante típico do Pará, quatro bancas de revistas. Era dia sem praia, então o segredo era: comprar uma revista, depois almoço e volta pra casa.

Chegando lá, descubro que as bancas de revistas funcionavam como os "botecos" em Rio Branco, com o acessório da informação prensada; ponto de encontro para se beber, conversar e ficar infomado. Numa destas, conheci o vendedor Aldo, torcedor caloroso do "Santa Cruz" que me apresentou outro cliente seu, Sebastião Nelson, de quem, de imeditado, tornei-me amigo.

E passamos muitas manhãs nesse árduo ofício de acordar, ir tomar o café da manhã na banca de revista do Aldo, beber bastante - eu, skol; ele, whisky, e falar sobre todos os assuntos como grandes sociólogos discutindo temas diversos.

Passadas algumas semanas e tomado pela lembrança constante do que me esperava na volta para Rio Branco, fui até a banca e... Nada de Sebastião Nelson, nada de alegria, tudo de tristeza. A cerveja de sempre e uma falta inusitada de vontade de conversar. Beber era o que interessava pra esquecer o mundo.

De repente, como nestes casos de aparição de "espíritos superiores", um senhor calmamente diz "bom dia", senta, pede uma cerveja gelada e Aldo, falante como sempre:

- James, esse é "seo" Nelson, pai de Sebastião.
- Como vai, "seo" Nelson?
- Tudo bem. E você, parece meio abatido.
- É verdade. Problemas demais.
- Sim. É motivo pra beber. Nunca beba se tiver motivo. Beber deve ser à toa, em vão, só pelo ato e o prazer de beber.

A estas palavras nada havia a contestar, debater ou desmerecer. Assim, continuamos a conversa, esquecidos os problemas, e nos embriagamos até o final do dia.

"Seo" Nelson não vi mais; a lição ficou.