domingo, setembro 12, 2010

Um domigo a mais ou a menos

O fato de QUERER escrever é superior a qualquer outra vontade na vida. O que realmente causa estranheza é uma espécie de "crise de abstinência" que se instala vez ou outra. Não há prazer meramente em esparramar profundidades que serão analisadas, criticadas e relatadas a outras pessoas. O acme está em poder estilhaçar-se, arremessar os cacos aos quatro cantos da casa e cortar-se com um pequenino pedaço que escapou da varrição.

Contar o cotidiano, as lembranças, os sonhos, projetos, enfim, dissecar a alma na busca das frases, breves ou não, que delimitarão o espaço que o escritor ocupa no universo. É preciso cuidado ao analisar o escrito: há um universo dentro do escritor e só pode ser analisado em pequenas doses, atentando para cada espasmo seu.

Se de saudade se escrever, ainda todas as palavras serão poucas;  se de verdade, nunca será atingido o final. Daí, o sofrimento da escrita levar ao sofrimento do nunca estar bom.

E são tantas coisas que desejo dizer que volta e meia deparo-me com a absoluta incapacidade de fazê-lo e desnorteio o barco, mudo o curso do conteúdo, rompo a quilha e não ondas.

Escrever sem estilo e sem pretensão - não busco o best-seller, já o disse - me faz sentir incompleto, mas cada dia mais humano. Vou errar muito, eu sei, mas que importa? Há um salva-vidas nas palavras que atiro e retornam a mim como um bumerangue. 

E, ainda quando tentam interpretar, digo que os segredos ali estão ocultos e você sem capacidade de enxergá-los, pois que nem mesmo eu posso.

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