sábado, fevereiro 27, 2010

Visita ao Médico 2



Dia de ontem todo no hospital até às 10 da noite. Vou de novo agora. Os resultados não foram muito satisfatórios, mas ajudaram um pouco. Alguma dor do incômodo de ter passado o dia sentado fazendo o tratamento. Espero que hoje cheguemos a um final satisfatório. Aos que estão preocupados, digo que trata-se de uma rotina que não cumpria de ir lá com maior frequência. Tudo está correndo bem. Confiança e esperança sempre contribuem para que as coisas vão melhorando, ainda que lentamente. Amanhã, estarei de volta em casa.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Visita ao Médico

Acabei de chegar do médico. Ele não acreditou em nenhuma palavra do que disse. Por que mesmo fui até lá? Não sei. Agora as pessoas talvez entendam melhor minha relutância em procurá-lo. Em última análise, penso que ele imagina que, como sou aposentado, gosto de fantasiar e o procurei pra contar uma história sem sentido. Tomara ele passe a noite refletindo sobre tudo que conversamos. Amanhã voltarei lá e o atormentarei um pouco mais. A vontade é de realmente criar uma fantasia a respeito disto tudo, mas não serei tão ruim. Apenas pedirei que ele me explique o que houve comigo. Vai ser muito interessante vê-lo sem nenhuma explicação plausível. Boa sorte ao Dr. J. na consulta às enciclopédias. Às vezes sinto-me tão malvado que nem me contenho.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

Alegria

Dia bom, nenhuma dor relevante, um tanto de preocupação por não estar fazendo o tratamento, amanhã tem hospital, médico, troca de equipamento e uma possível internação. Como melhorei bastante, vou aproveitar pra fazer uma visita aos "filhotes" e ser feliz por um tempinho ou um tempão, pois vou trazer as lembranças de ter estado com eles. Acertar uns detalhes com a mãe deles pra uma viagem, mudar a imagem e... sei lá. O mundo tá parecendo bem possível de suportar. 

Quebrando o silêncio



Te amo e o tempo não varreu isso de mim.



domingo, fevereiro 21, 2010

Continuando

Falei logo aí embaixo sobre os meus "não" e pareceu que estava completamente perturbado com eles. De fato, foi um desabafo de alguém perdendo as esperanças. Mas, em meio a tudo isto, tenho que ser justo com meu amigo Danielson que comprou meu projeto com todas as forças e atitudes, acreditando, assim como eu, que o Pai (o do Céu, como bem esclareceu Natal) controla nossas vidas (acreditamos nisto). Foram muitos "não", mas o único "SIM" do Dani cobriu cada um deles e ainda guardou uma sobra para eventuais negativas. Valeu, Danielson, vinte anos se passaram e você continua o mesmo coração gigantesco que mal cabe nesse corpo magro. E aos que disseram "não", continuamos tão amigos quanto antes. E isso faz cada dia, mesmo dorido, valer a pena ser vivido.


Deixa eu aproveitar e economizar um dinheiro mandando um abraço cheio de amor para Jackie, Natal e Nonato Vianna, que não "largam meu pé" mesmo com toda minha chatice. E para Edson que, ainda que eu não consiga atender suas ligações, insiste e liga novamente com a mesma preocupação e o mesmo carinho.

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

Ufa!

Sinceramente, fazia bastante tempo que não ouvia tantos "não". Cada pedido que faço - e detesto pedir qualquer coisa - ouço um não. Alguns explicitamente, outros tão desconcertados que fico eu desconcertado de ter pedido. Quando terá fim esta necessidade de solicitar ajuda, quando voltarei a tomar conta das minhas coisas sem ter que me preocupar com a disponibilidade das pessoas, quando voltarei a ser um ser humano, quando a vida voltará a ser divertida?

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Amor é assim

Não pretendia escrever nada hoje, mas recebi esta mensagem da mulher que amo tanto que nem sei contar, após tantos meses que não nos vemos e não resisti. Agora, você sabe o motivo deste texto e cada palavra é pra ela.


"gosto do cara cabeça, que mente pra agradar, que chora sorrindo, que fala de bom tom, que fala de musica como se fosse sua e que canta com os olhos apertados...que fala de amor como um poeta...que diz pra mim: vem cá meu EFEBO... e ri de piadas sem sal e saliva na boca o meu, que é amigo e que sofre sem pensar...que finge ser outra pessoa, que tem filhos mais velhos que ele...afinal ele é um menino velho...amo vc por seus defeitos..Vê se te cuida!!!! bjs Susie"

Kryptonita

Nestes últimos dias, apesar das dificuldades de locomoção e das dores frequentes, tirei um tempo demasiado grande para ficar com  meus filhos e percebi o quanto as coisas mudaram. Foi como se, de repente, o super-homem que eles conheciam tivesse encontrado uma fonte de kryptonita e se transformasse num homem além de comum: enfraquecido e incapaz de protegê-los. Confesso que angustiou-me aperceber-me de tal coisa, mas precisava não me deixar abater. Entretanto, não é fácil ver que seus problemas não podem ser solucionados com minhas atividades nem as palavras que possa usar são capazes de tranquilizá-los. Fui em frente e só vi uma alternativa: tinha que abandonar o tratamento que faço aqui e partir em busca de alternativas maiores e melhores, ainda que isto me custe ficar longe deles por um período que não posso definir. A busca por minha "fortaleza da solidão" seja a busca da solução para as dificuldades. Veremos se funciona. Senão, ao menos tentei.

domingo, fevereiro 14, 2010

É carnaval

Tudo bem! Tenho a vantagem de não assistir TV. Mas sempre surgem informações sobre o carnaval e me deixam cada dia mais decepcionado com nossa capacidade de produzir o que não vale a pena. Num país como o nosso, com uma das melhores músicas do planeta, os samba-de-enredo com os mesmos temas, a mesma cadência, as mesmas rimas. Talvez fosse razoável se fizéssemos carnaval a cada dois anos. Assim, os compositores teriam mais tempo para criar coisas novas e interessantes. Porém, aos que gostam, bom carnaval. Mas não me digam que viram e ouviram coisas boas. Só quem enxerga estas coisas são os comentaristas da Globo.

sábado, fevereiro 13, 2010

Porque liberdade sempre foi nosso lema

 NATAL disse
um protesto: a sua estrutura do seu blog não está legal. Deveriam aparecer varios posts ao mesmo tempo , dessa forma fica mais fácil localizar os comentários novos.

De fato, neste período tem sido difícil raciocinar com tantas dores e sem forças pra me alimentar. Vou resolver isto tudo assim que chegar de viagem. Obrigado pelas dicas.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Quero, mas não posso

Certa feita, falei com uma menina se ela gostaria de namorar-me. A resposta dela, durante as dezessete vezes que contei, foi a mesma: NÃO POSSO. Já sem saber o que fazer, disse: "não posso é resposta para a pergunta se você pode algo ou não. Perguntei se você quer". Ela: quero, mas não posso. Ontem, ouvi esta mesma frase sobre a possibilidade de doação de um rim do único candidato que possuía. Espero que, igual à menina, ele também mude de idéia.

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Um

Mais tarde se saberá que, após trinta e cinco anos como diretor da Clínica de Reabilitação Psiquiátrica Bonsucesso, o Dr. Antonio Parletre de Azevedo faltou ao trabalho; justo hoje, dezenove de dezembro, dia em que completa esses trinta e cinco anos. Se saberá, mais tarde, o motivo da ausência e se conhecerá o porquê do desespero dos quarenta internos da pequena clínica abandonada pela administração pública. Por agora, é necessário esclarecer quem é Antonio Parletre de Azevedo; sua história, seus motivos e sua determinação em manter ativa uma unidade de saúde que a ninguém mais interessa. Quando assumiu o cargo, Parletre tinha pouco mais de trinta anos e dedicara-se, até então, a estudar casos mais variados de distúrbios psíquicos e enfrentara o antagonismo de seus antecessores com seus métodos de eletros-choque. Confrontava-os, diariamente, com a necessidade de dialogar com o paciente acerca de todas as suas fantasias e tomá-las como verdadeiras – pois que assim o eram para os internos – de onde conquistara o carinhoso apelido de Parletre. Ao longo dos anos, tornara-se ausente das discussões e pedidos de melhoria na qualidade do atendimento, desistira do sonho de recolocar aqueles internos no convívio familiar, mesmo por que não havia familiares para assumir os cuidados. Abandonados todos, vagas lembranças de irmãos, filhos, esposos, tudo de desvanecera num mundo isolado em que viviam. Parletre também vivia seu isolamento. Nunca casara; nunca se envolvera em um relacionamento mais duradouro que não o com os internos, considerava precioso disponibilizar seu tempo em cuidados e administrações de longas conversas e na busca incessante de estimular os seis funcionários disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde e que nada mais queriam fazer a não ser aguardar o completar do tempo de serviço para aposentadoria. Mas guardava o segredo de um amor não correspondido – ou conhecido. Por suas costas, os funcionários sequer seguiam suas orientações, e talvez ele o soubesse, mas não se importava mais. Havia atingido o objetivo de não ter problemas de comportamento dentro da unidade por parte dos internos. Contentara-se com o fato de haver manutenção da estrutura física e de alimentação para os pacientes. Com um jeito sempre alegre de enxergar a vida, apelidou-os conforme encontrava semelhanças em suas atitudes com personagens históricos que as lendas diziam ter agido de uma forma ou outra. José Adailton, por exemplo, gostava de queimar todos os papéis que encontrava pela frente – portanto, todo cuidado com as fichas médicas era importante – e ficou conhecido por Parletre como Nero. Ainda que José Adailton sequer compreendesse a referência. Questionado, certa feita, apenas limitou-se a dizer que Nero havia sido um homem que, contam, teria sido responsável pelo incêndio em uma grande cidade. Nem sempre os apelidos que colocava nos internos os agradava, mas Parletre guardava-os para si assim mesmo. Não necessitava mais anotar nada a respeito deles, os conhecia tão profundamente como nem a si mesmo tenha conseguido compreender. Ao voltar para casa diariamente, o que acontecia por volta das dezoito horas, cumpria a mesma rotina: tirava o capote branco que costumava usar, que fora bordado por Cora, uma interna, com o nome de Parletre, tomava uma taça de vinho tinto, ouvia a mesma ária de Puccini e, ao final, sempre cantarolava baixo e desafinado: vinceró, vinceró, vinceró. E preparava-se para dormir, não sem antes olhar o retrato já desbotado daquela que fora seu único amor e que jamais com ele estivera. Ocorrera tudo dentro da mesma normalidade na noite de dezoito de dezembro, exceto por, naquela noite antes de deitar, olhando a fotografia já profundamente gravada em sua mente, dizer adeus a ela. Não entendera o motivo da atitude, mas o fizera de forma impensada. Deitara, adormecera e não acordara. Já agora se revela o motivo da ausência do Doutor. Sonhara que via uma imensa floresta escura e um único caminho iluminado, com um suave vento batendo em seu rosto, começou a jornada a caminho da fonte da luz. E não acordou. Com a leveza dos que nunca cometeram falhas graves na vida, partiu silencioso e solitário como vivera dentro daquela casa nos últimos cinqüenta anos. Como herança, o que deixaria seriam os quarenta internos da clínica. Não houvera tempo para acumular bens de nenhuma espécie.