quinta-feira, julho 22, 2010

Ao meu irmão

Caro John, meu mano "véio":

Não é que aconteceu de eu passar pelo antigo caminho ao lado da Escola D. Giocondo Maria Grotti, o famoso "beco do mijo", que faz a ligação de pedestres entre a Cohab do Bosque e o Aviário, numa tarde em que o sol sobre o Acre se fez menos feroz. Imagina quantas recordações vieram à tona e, como aqui é o local de nossas lembranças mais remotas, achei por bem relatar a experiência.

Primeiro, preciso lembrar que passei ao lado da Casa da Marlene (de quem certamente não te lembras), mas nossa mãe lá me levava para cortar meu cabelo. Nunca entendi muito bem os motivos que ela tinha para agir de forma diferente comigo, se todos vocês iam ao que chamamos de "barbeiros". Sei que esta é uma lembrança bem minha, pois, anos depois, numa destas coisas que apelidamos de coincidência, trabalhei na UFAC com a filha de Marlene (Dulce) e... há tantas coisas que não te conto! Mas as sei eu.

Na sequência, a caminhada de nada mais que 10 minutos foi esticada ao máximo como se estivesse atravessando um portal temporal (teria eu entrado em um buraco de minhoca?) chegando à casa do Martins Bruzugú, a Igreja Adventista do Sétimo Dia e, finalmente, começando a percorrer o "beco".

Sim. Eles asfaltaram o beco, reforçaram a proteção da escola, mas o restante está lá, como fantasmas a nos espreitar sendo que o único susto que nos provocam é o de que o tempo passa, contrariamente ao que pensávamos quando jovens. Penso, neste instante, que meus filhos não terão histórias de lugares como este para contar.

Recordei, rapidamente, momentos em que, em meio à falta de energia elétrica, junto com Marquinhos - o Macaxeira - atravessamos em correria com medo sabe-se lá do quê ou de quem; quantas sandálias Havaianas perdi por lá; todas novas; quanta paciência de nossa mãe a, tão sem condições financeiras, ter que comprar outra e outra e outra.

Lembrei deste tempo sem asfalto, com muita lama, muita farra, muita alegria e algumas lágrimas que eram de medo e que agora, teimosamente, assumem o papel de saudade.

Grande abraço saudoso.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sua memória me socorre. Amanhã, sábado, dia oficial de sentir saudades de Rio Branco, certamente me lembrarei deste beco asfaltado e esquecido. GRANDE ABRAÇO meu mano véio. Johnson.