quinta-feira, novembro 18, 2010

Comentários "quase" risíveis

Ontem foi dia de Hemodiálise. Por esta “simples” razão, fiz hipotensão e hipoglicemia severas e fiquei hiper sem condições de acompanhar as “twitadas”. O fiz hoje logo ao despertar, por volta das seis da manhã.

Foi nessa incursão que encontrei o texto da jornalista - e linda - @lysmendes sob o título “é difícil ser solteira em Rio Branco” (leia). Claro, concordei com muito do que ali foi dito – lembre que a intenção dela era rir sobre o tema, mas acabou provocando reflexões.

Ora, vamos ao que interessa. Qual de nós, homens ou mulheres e até mesmo essa galera que não é uma coisa nem outra, tem realmente interesse em ir além da casca das pessoas? Na verdade, dedicamos muito tempo ao embrulho que ao conteúdo. Nem nos permitimos, na maioria esmagadora das vezes, analisar o conteúdo. O colocamos em um canto e sequer retiramos a poeira vez ou outra até que, num momento de insípida vida, resolvemos dar uma olhada. E pensamos: não é que valeria a pena... Mas, que pena: as traças já se fartaram e não há mais como desvendar o importante que estava ali.

Lembrei, durante a leitura, de um momento em que, atormentado de trabalho, fiquei uns três ou quatro dias sem poder encontrar a namorada e, pasmem, sou tão antigo que não havia celulares em Rio Branco, portanto não havia um contato telefônico já que ela não possuía tal aparelho em casa. Achei que seria interessante enviar umas flores com um pequeno cartão em que dizia, de maneira simples, careta, brega e direta: “meu tempo é pouco, mas é todo seu”.

A reação dela? Disse ao entregador que não queria flores e, antes que esse dia terminasse, elas jaziam murchas em uma lata de lixo. Logo eu, que andava fazendo a linha Roberto Carlos, do tipo que ainda mandava flores e que no peito ainda habitavam recordações de seus velhos amores.

Não, meninas. Vocês mudaram tanto que assustaram os homens e tem sobrado amigos vindo reclamar comigo que as mulheres não estão interessadas nos “caras” que querem algo a sério; só se interessam por cafajestes.

Não creio que seja assim tão cru, mas há verdade nesta afirmação também. Ao mesmo tempo que os homens querem esse misto de “rosto de Bündchen com bunda de Paes”, ficam as meninas buscando os “Pitt”. E aí piora: querem o Brad completo. Se os homens querem um Frankstein feminino, as mulheres querem o que é raro e único.

Não somos Clark Kent com sua visão de raios-X. Temos que conversar para compreender e quem quer falar por mais de cinco minutos? Quem oferece com franqueza a bula para uma conversa com uma mulher? Ficam os homens temendo a cada sílaba em não tropeçar e, cada vez que nos preocupamos em não desagradar, mais riscos corremos de fazê-lo.

Vale o que disse o antigo escritor: se buscasse eu alguém para castigar outro já teria voluntários, mas se pedisse que se lhe fosse feito um carinho, nenhum se apresentaria.

Vamos combinar de baixar a guarda e a nossa bola: somos da maneira como nascemos – e diria minha filha que ninguém pede pra nascer como nasce – e oportunizar a compreensão dos limites do outro.

Citando Millôr Fernandes, os homens não são iguais. Apenas feitos da mesma maneira. Eu acrescento: os que acham que se bastam acabam sendo uns bostas.

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